segunda-feira, 28 de abril de 2008

Uma interpretação da Virada Cultural...

A partir das 18h00m do dia 26 até as 18h00m do dia 27, a cidade de São Paulo, viveu a esperada Virada Cultural.

Ninguém conseguia imaginar ao certo como seria o desenvolvimento do evento em 2008, já que no ano anterior a festa ficou marcada pela violência e vandalismo do público e da polícia no show do grupo de rap Racionais Mc's.

Ao contrário de 2007, o evento não foi tão divulgado pela mídia, trazendo chamadas em poucos dias antes do acontecimento.

O sistema de segurança mostrou-se mais amadurecido e bem preparado para alguma situação de emergência no decorrer das 24 horas de shows gratuitos para pessoas de todos os tipos.

Os palcos foram mudados de lugar, tornando os locais das atrações aparentemente mais distantes, tentando, quem sabe, diminuir as aglomerações e tumultos.

Não foram publicadas muitas notícias, ou notas, sobre acontecimentos negativos na Virada Cultural do ano em que se segue, talvez para tentar trazer de volta a credibilidade e aceitação do público para o evento, ou porque realmente não ocorreram muitos acontecimentos ruins.

Deixando de lado as expectativas de público e/ou violência, a "Virada" foi marcada pela miscigenação das tribos existentes na cidade em que ocorreu.

Era possível notar, em pequenas caminhadas pelo Vale do Anhangabaú até a Praça da Patriarca por exemplo, pessoas com estilos, gostos, pensamentos e maneiras de se vestir diferentes. Mais interessante do que isso, era perceber que, na maioria das situações, essas tribos mostravam-se respeito umas com as outras, trazendo um clima positivo a quem andava pelas ruas mal cheirosas, porém lindas, do velho centro da cidade. Uma espécie de pintura, ou uma combinação perfeita, era cruzar em frente as escadarias do Teatro Municipal, com sua iluminação amarelada, e ver um rapaz gay totalmente louco de "bala" vindo da Rave do Largo São Bento, andando ao lado de um punk ou de um daqueles caras com cara de folgado, preconceituoso, com uma camisa listrada, uma calça jeans, um tênis de molas e um boné escrito alguma frase de efeito da periferia do tipo: "1 da Sul - Capão Redondo" ou "Aliados Fortes".

Essa mistura ainda era mais nitida se tomarmos como parametrô o show do grupo teatro-musical, que é, por enquanto, pouco abordado pela mídia, porém muito conhecido por muitos jovens da atualidade através de um marketing viral - boca a boca - extremamente eficaz, O Teatro Mágico.

Com um estilo fora do comum em bandas musicais no Brasil do século XXI, lembrando, talvez alguns artistas como Ney Matogrosso ou mesmo sua ex-banda os "Secos e Molhados", o TM, como é conhecido possui um charme e uma carisma inquestionável.

Os integrantes do grupo sempre aparecem com seus rostos pintados e fantasiados como artistas do mundo circense, enquanto tocam as músicas, também como artistas de circo, fazem com que o palco se torne algo mais encantador aos olhos de quem está lá para vê-los.

Suas músicas não permitem que tentemos determinar qual é o ritmo ou o estilo que o grupo produz em cena, existe uma mistura de rock, de forró, maracatu, dentre outros segmentos músicais que costumam fazer sucesso atualmente.


Video produzido por um cinegrafista amador no show da banda O Teatro Mágico, que fez um "pout pourri" com as músicas Camarada D'Água (autoria do grupo) e Chover (ou invocação para um dia líquido) da banda Cordel do Fogo Encantado.

Possuem uma postura que, também, os difere da maioria de outras bandas. Com muitos artistas tentando arrumar mil soluções para vencer a pirataria, o grupo O Teatro Mágico anuncia nos intervalos de suas músicas que em breve o novo álbum estará a disposição gratuitamente na internet para todos, deixando transparecer que não se preocupam em ganhar menos dinheiro com vendagens de cd's, pois preferem que todos ouçam suas músicas e os conheçam por isso.

Talvez esses motivos, de indefinição de estilo ou pelo discursso "músico-comunista", tornaram possível ver tantas pessoas com perfis diferentes tão próximas umas das outras e pelo mesmo motivo.

Andando pela multidão que chegou cedo para assisti-los não era dificil se deparar com um grupo de regueirros com seus dreads balançando enquanto curtiam o som e fumavam maconha, sentindo-se os próprios "bob marleys", ou então com roqueiros com um estilo mais sério detonando suas garrafas de vinho; surfistas, skatistas, emos, crianças de todas as idades com seus rostinhos enfeitados com narizes de palhaços, além de outros muitos "tipos" de pessoas diferentes em perfeita harmonia, cantando como hino as músicas poéticas da banda.

Por todo canto era possível se encantar com as apresentações. Ás vezes, mesmo sem esperar, as pessoas eram surpreendidas por artistas de circo como um rapaz de pernas-de-pau, com seus movimentos parecidos com os de um pássaro, que desceu de rapél do alto de um prédio que tinha mais que uns 10 andares ou até mesmo por artistas independentes, anônimos, que não estavam na programação, passar andando pelas ruas tocando suas alfaias e produzindo um maracatu ecoante e muito vivo, deixando qualquer um que passava por eles com um ar de curiosidade e euforia, deixando escapar uns sorrisos e arriscando uns passos.

Contando com mais que 4 milhões de pessoas, a Virada Cultural trouxe um momento mágico aos paulistanos e aos não-paulistanos que foram ao centro 'curtir' os artistas que mais agradavam seus gostos artisticos e culturais.
Encerrando as 24 horas de diversão, sem deixar a grandiosidade de lado, podendo ser visto como uma das principais apresentações do evento em 2008, se não foi a principal, o cantor Jorge Ben Jor na tarde do dia 27 de abril deixou com certeza na memória, de quem estava lá, gravado alguma imagem, situação e/ou acontecimento, dando uma interpretação única para cada um dos milhões de adultos, crianças, idosos, homens, mulheres, gays, lésbicas, entre outros.

Essa foi a minha...

E fiz questão de compartilha-lá com você.


Por Silvio de Assis

sexta-feira, 18 de abril de 2008

"O curupira já têm seu tênis importado..."

Caio de Assis, 3 anos e 11 meses, está em seu quarto, deitadinho na cama do "Homem Aranha", assistindo, na televisão do "Relâmpago McQueen", seu super herói jogar a teia, dar porradas e beijar sua namorada em meio de tantas confusões para salvar o mundo contra o "Duende Verde".

Silvio de Assis, 21 anos e 2 meses, chega em casa, apaga a luz do quintal, guarda as chaves no "porta-chaves" em baixo da escada, vai até a cozinha, abre geladeira, toma um copo de suco e sobe para dar um beijo em seu irmãozinho que está trancado no quarto, deitado, assistindo um filme, como de costume.

Guarda sua mochila em seu quarto, passa no banheiro para lavar as mãos, pois as mesmas estão com um cheiro de cigarro muito forte e não gosta de mostrar ao seu pequeno irmão, que é um fumante, pois tem medo que o mesmo se torne um fumante através de suas influências.

- Oi Caio, tudo bom?

- Tudo bom...

- Vem me dar um abraço?

- Não, "Sivio", sai da frente!

- Tá bom... tá bom... não precisa fazer manhã, seu chorão...

- Não sou chorão....

- É sim...

- Não sou... vai brincar com seu "putador" (computador)....

- Então me dá um beijo...

- Tá bom...

Silvio ganhou um beijo e um abraço, e aproveitando a oportunidade quis continuar a conversa com seu irmãozinho, que agora não estava mais tão concentrado no filme que já sabia de "trás pra frente", pois estava mais preocupado em tirar os óculos do rosto do irmão mais velho.

- Foi pra escola hoje, Caio?

- Não...

- Foi sim, que eu sei, o que você fez lá hoje?

- Não sei...

- Você desenhou muito?

- Não sei...

- Cantou muito?

- Não sei...

- Não sabe? Sabe sim... qual musiquinha você sabe cantar?

- Não sei...

Percebendo que não conseguiria conversar com o pequenino, Silvio, desisti e vai para o seu quarto, pois está com fome e pretende trocar de roupa para depois descer à cozinha para comer alguma coisa.

Enquanto trocava de roupa, a pequena mão bateu na porta, Silvio já sabia de quem eram aquelas batidas desrritimadas e abre a porta para o mundo pouco explorado pelo pequeno, pois não tem muito acesso ao quarto de seu irmão, dessa forma, quando consegue entrar fica por poucos minutos olhando tudo que consegue ver ao seu redor, até escolher sua "vítima".

Dessa vez o objeto escolhido foi aquele que ele já conhece muito bem, melhor que muitos adultos por aí. Já sabe mexer como se, no momento em que fica frente a frente com um "negócio" desses, perdesse toda aquela inocência e falta de coordenação motora.

- "Sivio", esse "putador" é meu?

- Não... esse ai é meu...

- Não! Esse "putador" é do papai!

- Não, pequeno, esse é meu (risos).

- "Sivio", meu papai vai comprar um "putador" pra mim na loja.

- Há é?! E pra que você quer um computador, doutor?

- Porque eu vou "tabiar" (trabalhar) no meu "putador", ué.

- Mas você é muito pequeno para "tabiar" ainda, gatão (risos).

- Não sou! Já sou "gande" e meu papai vai comprar um "putador" na loja, "pá" mim!

Essa conversa durou mais alguns minutos, Silvio ria enquanto ouvia Caio divagar sobre seu futuro computador, e ao mesmo tempo pensava que há pouco tempo havia tentando conversar com o pequenino sobre um assunto que considerava do interesse do mesmo, mas que não havia conseguido chegar a lugar nenhum.

Falar sobre as musiquinhas da escola era um assunto ultrapassado, pois pra que cantar musiquinhas se no "putador" do papai podemos escutar qualquer música que quisermos? (Sim...Caio já sabe colocar, tirar, trocar, pausar, dar play... ouvir qualquer cd.)

Porque desenhar no papel, se podemos desenhar no "putador"?

No "putador", assistimos o "Relâmpago McQueen", o "Homem Aranha", o "Nemo"...


Há o computador!

O mocinho de nossas vidas, o facilitador e "otimizitador" de tempo...

Mas será que ele... o "putador"... não está roubando uma das coisas mais importantes para a infância das crianças de hoje?

A inocência...

Cantar músiquinhas, fazer desenhos, brincar com tinta, brinquedos, gostar de histórinhas sobre nosso folclore, é coisa fora de moda.

Cuidado com a Cuca?

Derrrr... Ela não existe, papai!

Saci pererê?

Hahaha, pára né?!

Curupira, mula sem cabeça, caipora?

Tá.... e eu sou o Bozo!

Para de lorota, e me dá um "putador"! Pois quero assistir o "Homem Aranha", ele sim existe...
Existe, bate no ladrão e beija na boca da "namolada" (Híhíhí!).



Bom... vivendo com esse "pedacinho de gente" ouço tanta coisa.

E acima de tudo aprendo muita coisa, é incrível ver seu desenvolvimento e como fala uma coisa nova a cada dia.

Porém, também é preocupante, pois ele conversa como uma criança mais velha e não se interessa por "coisas" que consideramos ideais para a idade dele.

Enfim, acho que essas observações não são só minhas, pois é normal participar de discussões que abordam esse assunto.

Esse desenvolvimento precoce é bom ou ruim?

Se considerarmos ruim, existe uma solução?


Bom... já dei uns tragos, pensei em algumas coisas e compartilhei com você.

Faça o mesmo!

Seja bem vindo... dê umas tragadas, pense um pouquinho e, se o assunto for de seu interesse, compartilhe também.


Para ajudar em seus pensamentos, aconselho que escute uma música que me faz pensar muito nesse tópico.

Escute "Enquanto o mundo explode", que seria uns dos nomes que eu daria para esse blog, porém infelizmente já existe um com esse nome, do Nação Zumbi, o título do Cd é "Afrociberdelia".

Segue, também, a letra da música:

A engenharia cai sobre as pedras
Um curupira já têm seu tênis importado
Não conseguimos acompanhar o motor da história
Mas somos batizados pelo batuque e apreciamos a agricultura celeste
Mas enquanto o mundo explode
Nós dormimos no silêncio do bairro
Fechando os olhos e mordendo os lábios
Sinto vontade de fazer muita coisa...



Por Silvio de Assis

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Apresentação

Acompanhando os acontecimentos do dia a dia, e parando para refletir, surgem pensamentos...

Pensamentos que nos deixam em uma linha tênue entre o real e o abstrato, o bem e o mal e entre o são e o louco...

Tragando meu cigarro, pensando nessas coisas, decidi compartilhar, neste blog, meus devaneios sobre algumas coisas chamam, ou não, minha atenção com quem esteja, ou não, interessado em saber e até mesmo discutir meus posts.

Venha! Sinta-se a vontade... Dê uns tragos, pense e compartilhe também!

Não fuma?

Então dê um trago num cafézinho, um leite, uma cachaça, uma cerveja... num copo d'água, que seja...

Não quer tragar?

Então pense...

Faça o que achar melhor, mas pense... pense e compartilhe....



Até a próxima postagem com algum conteúdo menos vazio, prometo...rs...