sábado, 2 de agosto de 2008

Virou história...

Após o dia cansativo de trabalho duro sob o sol escaldante que só um lugar tão distante pode sentir, eles seguem o caminho que já foi de ida e agora, graças ao suor derramado das testas queimadas de sol, é de volta, na estrada esquecida, fria e deserta.

- Dona Maria das Dores me irrita com seu jeito de levar as durezas da vida. O trabalho já é pesado e com suas vozes de tristeza, reclamações e maus agouros, transformam o serviço pior que é, e fica mais díficil do que bater em pedra dura no sertão sem sombra boa.

- Que isso Piraquê?! Comadre Maria sofre de doença, e das piores, ela está doente das idéias.
Nesses dias, que não se fazem muito, ela estava chorosa dizendo que sua sorte estava na tromba do trem velho que passa de noitinha pra nos buscar depois do dia de trabalho lá em ribá da estrada de terra vermelha.

- Que isso digo eu, Jandira! Mulher nova e saudável dessa, cheia de prosa pra viver desejando a sorte nos trilhos enferrujados de um trem velho sem destino?! Só Deus e meu padinho Padre Cícero que sabem é o que eu passo nessa vida sem futuro. Há pouco meu paisinho se foi e as coisas lá em casa tão díficil de chorar e nem por isso, minha cara, fico jogando minha sorte em morada de rato imundo! Ela tem que agradecer que é nova e tem vida boa, pois eu que tenho motivo de tristeza, tô te contando o momento de mais sofrimento que vivi, sorrindo feito criança que não sabe o significado das coisas. Se nós abaixá a cabeça pra todo problema que aparece, uma hora cairemos sem freio, de cara no chão. Nossa vida é díficil mesmo, os problemas nunca findam. Ela tem que ser mais forte.