segunda-feira, 15 de setembro de 2008

"Dando um sinal de vida"

Como diria Josefh Clinver (ou Climber, não sei): "A vida é uma caixinha de surpresas".

Aqueles que me conhecem sabem que atualmente estou trabalhando muito e por isso não tenho conseguido dar continuidade ao blog.

Hoje não preparei nada especial, apenas decidi escrever algumas coisas sobre esses últimos dias e compartilhar um texto que achei super interessante.

Vamos lá...

Ultimamente, tenho me preparado para prestar alguns vestibulares, pois não vejo a hora de voltar estudar. Jornalismo, é claro!

Há uma semana, quase que exatamente isso, terminei de ler o livro Sagarana de Guimarães Rosa. Leitura complicada, linguagem díficil. Os personagens são pessoas muito simples, totalmente interioranas e falam com um sotaque caboclo que nos põem "em parafusos" as vezes. Fiquei quase um mês e meio lendo o livro e recomendo. Se você tiver paciência, leia. Vale a pena. No meu ponto de vista, é uma leitura fundamental.

Você gostou do filme O Alto da Compadecida? Se gostou leia, é muito parecido, são causos interessantíssimos e muito ricos. Não é tão simples explicar. Na verdade, acho que livro nenhum é possível. A leitura é algo muito pessoal e cada um absorve-a de maneira diferente. Enfim... livro lindo, um dos melhores que já li.

Estou no terceiro livro, este (o terceiro) é uma releitura na verdade. O famoso Dom Casmurro de Machado de Assis.

Já tinho lido quando mais jovem, em tempo de escola e achei, na época, interessante, mas no fundo... um porre.

Relendo, atualmente, crio uma visão totalmente diferente. Sem sombra de dúvidas é o melhor escritor que já li até hoje. As vezes paro a leitura e fico pensando: Não é possível que não tenha acontecido realmente essa história com o Machado de Assis! Como alguém inventaria uma história como essa?! Ele está disfarçando com o personagem Bentinho, mas na verdade isso aconteceu na infância dele mesmo....

A riqueza dos detalhes, as memórias de Bentinho, a postura totalmente variável da menina dos "olhos de ressaca": Capitu, são características que me fazem admirar muito o livro.

Lembro que quando li pela primeira vez demorei muito tempo para terminar e só terminei por obrigação. Hoje, lendo por apenas 4 dias e com pouco tempo para isso, já estou além da metade do livro.

Se tiverem ânimo, façam isso... releiam... caso não tenham lido ainda... leiam, uma leitura muito rica.

Bom, acho que é isso... meio vago não é? Desculpem, não tenho conseguido acompanhar muitos acontecimentos e nem tenho tido tempo de ociosidade construtiva para preparar alguma coisa. Tenho trabalho muito. Mesmo cansado, estou adorando o que faço. Não apenas o que faço em si, mas o todo... o ambiente é muito bom. Os espetáculos, intervenções, conversas de almoço... tudo muito gostoso.

Para terminar o post, decidi compartilhar um texto de Pablo Neruda que li na semana que se passou. Não sei o título e nem se o mesmo possui um, mas achei interessante.

"Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não arrisca vestir uma cor nova e não fala com quem não conhece. Morre lentamente quem faz da televisão seu guru.

Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro ao invés do branco e os pingos nos iis a um redemoinho de emoções, exatamente a que resgata o brilho nos olhos, o sorriso nos lábios e coração aos tropeços.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto, para ir atrás de um sonho.

Morre lentamente quem não se permite, pelo menos uma vez na vida, ouvir conselhos sensatos.

Morre lentamente quem não viaja, não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da sua má sorte, ou da chuva incessante.

Morre lentamente quem destrói seu amor próprio, quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, nunca pergunta sobre um assunto que desconhece e nem responde quando lhe perguntam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em suaves porções, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples ar que respiramos.Somente com infinita paciência conseguiremos a verdadeira felicidade."


"Pablo Neruda"