quarta-feira, 14 de maio de 2008

Jornalismo ?

14 de maio de 2008, 01h41 da manhã. Sem sono e após um dia cheio de tédio e preguiça, resolvo tirar minha revista Caros Amigos de maio do plástico para ver uma matéria que veio com uma pequena ‘chamada’ na capa – CASO ISABELLA: A Imprensa não ouviu o outro lado – que chamou minha atenção.

A matéria escrita pelo jornalista Marcos Zibordi fala sobre um acontecimento, no mínimo interessante, que ocorreu na rua Domingos Simões, número 90, mesma rua da 89º DP, delegacia do Morumbi onde estavam naquele dia – 10 de abril – os, até então, suspeitos pelo assassinato da garota Isabella, Alexandre Nardoni, o pai e Anna Carolina Jatobá, a madrasta.

A entrevista fala sobre alguns crimes que ocorreram na mesma rua da delegacia, dando maior ênfase para um assalto a uma família que mora do outro lado da rua DP, exatos “50 passos”, segundo a matéria.

Um senhor de 67 foi abordado em frente ao portão enquanto ia por o lixo na rua, como é de costume nas quintas-feiras, por três ladrões que entraram com um Fiat Doblô na garagem da família, deixando mais duas pessoas como reféns, cada uma em um quarto e um cachorro preso no banheiro - este que permaneceu, segundo a família, “20 minutos latindo e ninguém se deu conta de algo errado poderia estar acontecendo”.

Os ladrões saquearam toda a casa, quando saíram levaram o controle-remoto do portão fugiram, após terem conseguido se soltar, a família desceu até a garagem quando olharam para o mesmo fechado, como se nada tivesse acontecido.

A matéria fala sobre o ‘pouco caso’ que as autoridades da delegacia fizeram sobre o assalto, onde chegaram até no momento da execução do B.O. levar a família para dar uma volta ao quarteirão para tentar identificar os suspeitos que tinham fugido de carro há mais de uma hora.

Além desse fato, Zibordi também informa que no período de 9 dias, que o casal permaneceu preso nessa delegacia, foram registrados 36 roubos só na redondezas da mesma, sendo um deles a uma repórter da Globo, quando estava a caminho para fazer cobertura jornalística do caso “Isabella”, e mais três casos de roubos ocorridos na casa do marceneiro José Alves Pereira que mora ao lado – separados por um terreno baldio - da delegacia 89º DP.

Bom, tinha planos de não fazer uma introdução tão grande, mas esse caso chamou tanto minha atenção que preferi dar maior importância para a matéria em si, do que para o que eu quero escrever sobre ela.

O fato mencionado nas linhas acima mostram uma das coisas que mais ficaram em minha cabeça durante esse ‘circo’ criado para o caso da morte da garota.

Com certeza fiquei comovido, porém acredito que a mídia transformou essa situação numa novela e que isso fez com que a policia, achando-se talvez o mocinho, fizesse muitas ‘dramatizações” para esclarecer o crime. Segundo informações que li nessa mesma matéria, só a Rede Globo levou 20 cinegrafistas, 18 repórteres e 8 produtores para frente do local onde estava preso o casal.

Ontem a noite vi uma matéria que falava de uma garota de 15 anos [se não me engano era isso mesmo], grávida de três meses que planejou e organizou uma ‘armadilha’ para seu próprio pai, que foi morto brutalmente em alguma cidade que não me recordo o nome.

Vi também no programa - o pior da atualidade, na minha opinião, mas que sempre paro para dar uma olhada – da Record, Balanço Geral, um caso de uma mulher que ficou 25 anos com uma tesoura presa dentro de seu próprio corpo, após o médico ter esquecido no parto de seu filho mais novo.

Além de outras, que estão sendo menos abordadas, como: os casos sobre os cartões coorporativos; o banquete que Lula e Dilma Roussef fizeram para comemorar o casamento da filha da ministra, convidando 600 pessoas com – segundo o Jornal Transição Socialista – suspeitas de que esse evento foi feito com o dinheiro público ou até mesmo para a afirmação do Presidente Lula que disse, quando referia-se ao aumento dos alimentos, que era uma “inflação boa”.

A imprensa, as pessoas e a policia, criaram um show que levarão até quando puderem sobre esse caso da menina, pois a sociedade fica alienada a isso e não se preocupa com situações que são realmente importantes pra elas – a sociedade.

Desculpe-me a morbidez, mas o que mudará em minha vida saber se foi mesmo o pai e a madrasta que mataram Isabella? Aliás, se fosse uma família pobre o casal já teria sido espancado, preso e até morto na prisão e o máximo que sairia na mídia seria algum trecho numa página policial de algum jornal. Porém os crimes ocorridos em bairros e por pessoas de classe média são divulgados com mais destaques na mídia, ou para mostrar que os pobres vem da periferia para roubar o rico trabalhador ou para tentar explicar porque uma pessoa de vida boa e estável cometeria algum crime, como no caso de Suzane von Hichthofen.

• O livro Mídia e Violência de Silvia Ramos e Anabela Paiva explica sobre essa postura para “coberturas de criminalidade e segurança no Brasil”.

Sonho em ser um jornalista, mas vendo todo esse folclore, essa ‘cena teatral’, em cima de um caso tão desgastante, me sinto um pouco desmotivado e triste, pois sei que, se essa postura não mudar e o jornalismo não voltar a ser sério como pessoas que admiro faziam - Truman Capote, Carl Bernstein, Bob Woodward e até mesmo Caco Barcellos quando escreveu sobre a “policia que mata” –, terei que optar em ser mais um apresentador de notícias alienantes ou um motorista de táxi, quem sabe...

Enfim... essas dúvidas permanecerão até que eu desista do jornalismo*, ou que “amadureça” um pouco mais e entenda que é assim mesmo e pronto.

Vivo cheio de dúvidas...

Mas existe uma coisa que eu tenho certeza, por enquanto, que é de que não foi eu que joguei a menina daquele prédio...

Desculpe o trocadilho de palavras com um fato tão triste, mas não poderia terminar de outra maneira. Quem me conhece sabe disso...

*Não desistirei de ser um jornalista, mas precisava de um pouco de sensacionalismo em meu texto, rs.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Falso Moralismo

No último dia 6 de maio, em diversos países do mundo, ocorreram as marchas em prol da discussão para pleitear a legalização da maconha.

No Brasil, alguns que são a favor do uso da erva se organizaram e decidiram participar também do evento.

Confesso não ter acompanhado muitas matérias sobre o andamento desse ato, porém, devido ao assunto ter sido muito abordado pela maioria dos veículos de comunicação, não foi díficil saber que na maioria dos estados a marcha foi vetada.

Ontem, assisti o programa Debate MTV, apresentado por Lobão, onde a pauta de discussão era a questão sobre a proibição do protesto pelas autoridades brasileiras. O tema do programa era: "O uso da maconha no Brasil: discutir ou oprimir?"

Apesar de me irritar bastante com o apresentador que em nenhum momento foi imparcial, atacando claramente o 'lado' de quem era contra a marcha e a favor da proibição de qualquer manifestação com esse intuito, acompanhei o andamento do programa onde ocorreu uma discussão super interessante sobre essa questão.

No programa estavam, a favor da marcha, um dos organizadores da marcha o sociólogo Renato Cinco, uma estudante e um advogado, no lado oposto estavam um ex-major da PM (se não me engano) e atual deputado do Partido Verde (PV), um psicólogo e um ex-dependente químico que hoje em dia ajuda pessoas que desejam parar de consumir drogas.

Foram usados muitos argumentos em ambos os lados, mas não vou ficar descrevendo a discussão, pois essa não é minha idéia principal para esse post.

A questão de eu ter pensado em escrever sobre isso é para expor minha opinião e, se possível, ver qual é a opinião de você que esteve por aqui e teve a pasciência de ler, rs.

Não sou a favor da legalização, acho que seria uma atitude muito arriscada para o país e que poderia até abrir portas para que o consumo de outras drogas sejam alavancadas pela questão da liberação da maconha, penso dessa maneira devido a um comentário do psicólogo que foi ao debate, onde explicou que é comprovado que algumas pessoas, na maioria jovens, usam a maconha por ser algo proibido, como uma espécie de tentativa de posicionamento em alguma tribo ou esfera de amigos, "para se mostrar melhor". A legazação poderia trazer os jovens, principalmente, a consumir mais cocaína, por exemplo, que é uma droga que pode ser considerada mais perigosa.

Apesar disso, o outro lado da mesa levantou uma questão, também, interessantíssima. Sergundo eles, "não se tem notícias de que a maconha tenha causado algum acidente ou gerado atos violentos em seus usuários, por sua vez o álcool é pivô de muitos problemas na sociedade, pois causa acidentes de trânsito, deixa as pessoas com atitudes mais agressivas e é um dos fatores que contribuem para a desestabilização de algumas famílias".

O ex-major disse ser completamente contra a marcha, pois "era uma apologia ao crime, a morte e as drogas", já o organizador da marcha retrucou dizendo "que estava expresso nas leis que os cidadãos tem o direito de expressão e de discutir a mudança de algumas leis vigentes no país". O deputado do PV concordou, porém disse "que nesse caso não pode haver permissões para essas marchas, pois estariam contribuindo com os traficantes, que financiam esses atos para continuar destruindo lares... Pois as pessoas não imaginam quantas crianças morrem devido ao tráfico de drogas" e etc.

Lobão, o ótimo músico e péssimo apresentador (na minha opinião imparcial, [risos!]), retrucou -o com uma questão também interessante para ser comentada, pois na opinião dele "os traficantes não apoiam a marcha, pois se a maconha for legalizada, seu mercado perderá muito, pois as pessoas não os procurarão mais, comprarão em bancas de jornais e tabacarias".

Resumindo tudo...

Sou contra a legalização, pois acredito que isso não diminuirá a ação dos traficantes, pois os mesmos não vivem só de vender maconha, e da mesma maneira que o psicólogo afirmou, com a maconha liberada o uso de outras drogas ilícitas aumentará, porém fiquei indignado com a proibição da marcha, pois é uma atitude democrática onde as pessoas tem o direito de promovê-la.

Marchar a favor da legalização da maconha não pode, porque usar drogas e fazer apologias ao consumo delas é crime, ok.

Os manisfestantes juravam não estar fazendo apologia e sim alegavam estar pedindo a discussão do assunto, revisão das leis, pois a erva pode ser usada como remédio, por exemplo.
Apesar de duvidar um pouco de que só estavam pedindo a revisão da lei e não fazendo apologia ao uso, ok também.

Matar é crime?

Sim...

Então porque liberaram manifestações que são a favor do aborto no dia 28/05/2007 ás 16h00 em frente a Praça Ramos de Azevedo, no centro de São Paulo?

O álcool e o cigarro são os um dos principais causadores de dependência no Brasil e até de morte. Ok e daí?

Porque não proibir o consumo de álcool e cigarro ou invés de legalizar a maconha, se todos são considerados drogas e que as pesquisas indicam os dois primeiros (cigarro e álcool) como maléfico na maioria dos casos?

Não, magina...

A maconha, trás dependência...

Tá o álcool não... meu avô teve três derrames e faleceu porque o destino queria assim mesmo, não foi porque bebia mais que uma garrafa de pinga por dia. Não era viciado, bebia socialmente.

O cigarro também não... estou desempregado, fudido sem dinheiro, mas nunca sem cigarro, por quê?
Há... sei lá... porque é baratinho... Não é! Mentira!

Não sou a favor e nem contra o aborto, acho que depende muito da situação, mas sou a favor das manifestações, pois "vivemos em um país democrático" (Olha que frase bonita!).

Porque os maconheiros e simpatizantes não podem marchar a favor da "discussão da lei que proibe o uso da erva Cannabis"?

Usar drogas é crime... matar também...

E não estou dizendo que é só o aborto que mata...





FALSO MORALISMO!


Já diria Tom Zé: "Somos mais uns sobreviventes dessa politimerdia".