sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Natal...

Hoje é dia de esticar a lona no quintal dos fundos e começar os preparativos para a festa de logo a noite.

Cada um traz sua contribuição e, quando menos se espera, ve-se a mesa farta, cheia de iguarias.

É dia, também, da entrega do presente ao seu amigo oculto. A família e agregados, em roda, amontoados na sala ficam disputando para ver quem consegue advinhar o maior número de "amigos" e ansiosos para ver os que esses ganharam.

Logo depois, é hora de ligar o Karaokê e começar a festa sem previsão de término.

As crianças dormem em meio a bagunça e perto do amanhacer do dia, os bêbados também escolhem um cantinho. Afinal, ainda terá o almoço de amanhã.

Vem o almoço... todo mundo de ressaca. A mulherada volta com o multirão para lavar as louças e remontar a mesa, com aquilo que não foi consumido no dia anterior.

Alguns aparecem com os presentes da noite anterior e recomeça a festa.

Agora com tempo de término, final alguns precisam trabalhar para garantir a festa do próximo ano.

Esse é o Natal de algumas famílias, tempo de esquecer as inimizades, dividas e infelicidades para comemorar todos juntos, e receber a benção da reza da avó antes do alimento.

Outros Natais não são tão felizes... mas isso não vem ao caso.

Feliz Natal a todos.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Morre Lentamente - Pablo Neruda

"Quem morre?

Morre lentamente
quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca
Não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente
quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente
quem evita uma paixão,
quem prefere o preto no branco
e os pingos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos,
corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente
quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida,
fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente
quem não viaja,
quem não lê,
quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente
quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente,
quem passa os dias queixando-se da sua má sorte
ou da chuva incessante.
Morre lentamente,
quem abandona um projeto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior
que o simples fato de respirar. Somente a perseverança fará com que conquistemos
um estágio esplêndido de felicidade."