sábado, 28 de março de 2009

Sísifo


Desafiou os deuses e foi castigado com o trabalho.
Não é chefe, é subordinado...
Todos os dias, durante toda a eternidade, cumpre o que lhe foi traçado...

Empurre sua pedra também!
Sísifo o faz e isso o deixa feliz.
O esforço sempre vale a pena.
Só depende de você...
Faça dela seu objetivo e isso será possível.

Qual é o objetivo? Até onde isso dura?
Para sempre!

Aceite, companheiro.

Para evitar o sofrimento e a culpa, não se subestime.
Sonhe...
Cresca...
Exercite...
Acorde cedo mesmo que não exista o descanço para ti.
Crie forças!
Levante...
Vá!
Não faça de sua vida uma pedra.
Ou faça...
Mas deixe que isso o complete!

Quando chegar ao cume, sorria! Missão cumprida...
A próxima está a espera...
Lá embaixo.
Depressa...
Vivemos desafiando os deuses... e nosso castigo é esse.
Força!

"... Mal de Sísifo não é eterno. Chega a morte e o leva ao termo. Mas por mais que a morte insista vem a vida e já se infiltra. A vida se renova em cada fruto e assim se propaga a eterna luta. A vida na vida se inaugura e Sísifo, és eterno, pois, nalgum ventre outro Sísifo agora se encasula. A mesma pedra, o mesmo olhar a frente o Sísifo menino presencia. E se não fosse a luta, esta criança, o que faria?"

Carrege sua pedra, meu caro... independente de qual... que peso... se a ama ou não.
Aprenda!
Carregue!

Sempre terás uma a sua espera...
Esperando a brisa do cume para depois descer e tornar a te esperar.

sexta-feira, 27 de março de 2009

"Somos quem podemos ser..."



Auto Retrato Triplo - Norman Rockwell

3=1? 3=3? 1=3? i+e+s? ... Fabuloso!

...

"Entre um rosto e um retrato, o real e o abstrato; entre a loucura e a lucidez, entre o uniforme e a nudez. Entre o fim do mundo e o fim do mês; entre a verdade e o rock inglês; entre os outros e vocês...
Eu me sinto um estrangeiro, passageiro de algum trem. Que não passa por aqui, que não passa de ilusão.
Entre mortos e feridos, entre gritos e gemidos, (a mentira e a verdade, a solidão e a cidade). Entre um copo e outro da mesma bebida, entre tantos corpos com a mesma ferida."

A Revolta dos Dândis (Engenheiros do Hawaii)

quinta-feira, 26 de março de 2009

Mafuá, por Carlos Henrique de Castro Assis

É com alegria que eu divido com vocês a notícia de que a Mojo Books publicou o conto, Mafuá, baseado na música homônima de Yamandu Costa, de um cara que admiro muito e que sempre me dá motivação para acreditar em mim. Carlos Henrique de Castro Assis.

Leiam, vale muito a pena!

Abaixo está o single. Basta clicar na imagem para carregar a página onde está o conto.


quarta-feira, 25 de março de 2009

Por trás existe um idiota, mimado, incapaz de andar com as próprias pernas...

"Ah...vida real!
Como é que eu troco de canal?"
(...)

E disse:

- As vezes é preciso morrer para viver. Muitas vezes morremos antes de nossa morte real, muitas vezes morrem nossos conceitos sobre nós mesmos e sobre os outros, sobre as pessoas que amamos, sobre o mundo interno e externo. Temos fome de alma, buscamos conhecer as necessidades do coração e para isso precisamos nos aproximar do mundo interior.

terça-feira, 24 de março de 2009

O encantador "Samba da Vela"

Dia 23/03/2009 a convite de Anilton conheci, finalmente, o Samba da Vela.

Cansado, o final de semana tinha sido bem corrido, mas mesmo assim resolvi ir...

Chegamos - eu e ele - na Casa de Cultura de Santo Amaro tímidos, leigos, com cautela. A porta, um senhor sério, robusto, sentado em uma mesa com um caderno de presença me entregou a caneta. Assinei, contribui com dois reais e escrevi meu e-mail no caderno; na dúvida se seria a melhor escolha - "provavelmente ficarão me mandando aqueles e-mails (spans) chatos", pensei.

Estava bem vazio. Um salão circular, grande, várias cadeiras pretas em formato de roda (uma fileira atrás da outra) e no meio uma mesa simples, quadrada forrada com uma manta de crochê branca, azul e rosa; Em cima da mesa uma espécie de castiçal. Simples, não chamava atenção.

As pessoas foram chegando. Uns bem elegantes (chapéu panamá, sapato branco muito brilhante e camisa social bem engomada), outras nem tanto (camisa polo surrada pelo tempo, calça social pálida e chinelo de dedo gasto). Todos se sentaram e passaram a aguardar em silêncio. Ficaram iguais.

"Parece uma religião para alguns."

Ansiedade...

Era o dia da vela Rosa. Significa 'samba novo'. O espaço ficou aberto para compositores que quisessem apresentar suas novas músicas.

"Logo no dia que eu venho... vai ser sem graça."

...

Estava enganado!

Depois que tudo ficou organizado, iniciaram a noite com o hino "Acendeu a vela".

Me arrepiei na primeira música...


O Hino "Acendeu a Vela"



Do outro lado da mesa, uma figura chamou minha atenção. Seus olhos brilhavam, parecia ansioso, observava toda a movimentação. Logo entendi, foi um dos primeiros convidados para ir ao centro apresentar seu samba. Um senhor moreno - bem simples, mais grisalhos do que pretos já apareciam, riso tremido, indeciso de que onde ficariam suas mãos (no bolso, uma sobre a outra ou coçando a orelha) - começou sua explicação convidando "seu parceiro de letra" para acompanhá-lo. O outro, um senhor aparentemente mais velho, mais alto, com mais cabelos brancos que seu companheiro, também muito envergonhado aproximou-se com as mãos para trás e continuou calado, olhando para baixo. Foi chamado apenas como encorajador, apareceu pouco no contexto.

Explicou que escreveu o samba "para de desculpar, pois tinha pisado na bola com a nega véia" e começou...

Meus olhos encheram-se de lágrimas, meu corpo se arrepiou. Que momento mágico! Uma pessoa que mal prestamos atenção, com um rosto sofrido, homogênio, trabalhor e boêmio escreveu um samba lindo e profundo, para nenhum Paulinho da Viola colocar defeito. Começou a cantoria bem timido, contido, mas seu samba era forte, se alongou por quase dez minutos, todo mundo ia aprendendo a letra cada vez que ela se repetia e força do samba deu força para ele - foi aceito -, terminou sua apresentação como um autêntico Zeca Pagodinho. Estava em casa, tranquilo, dono da situação, com seus braços abertos e o sorriso largo. Era o centro do mundo naquele momento, todos batiam palmas para marcar o samba que ele fez. Estava feliz.

Não consegui aprender a letra, ouvi com atenção, mas não estava preocupado com isso. A voz, a musicalidade, o sentimento e a honestidade da simplicidade da canção me transportou para outro universo... longe daquela sala.

...

Outros vieram e cantaram. Alguns engraçados, outros melancólicos, outros sem "sal", uns sem "açucar". Estava se tornando cansativo, até o momento em que foi chamada ao centro a Tia Dita.

Figura conhecida dos frenquentadores. Senhorinha, já de idade, com seu sorriso banguela aberto, convidativo, sem vergonha, nem pudor... Que energia, que beleza!

Um grupo estava produzindo um documentário sobre sua vida, então as músicas dela não eram novas, ao contrário, muito conhecidas. Eram para a gravação.

Cantou o "Bloco do Pé Inchado". A voz falha, rouca, baixinha de repente tomou forma e assimetria para conduzir um samba simples e belo.

Mágico também, que energia e eu pensando em não vir para dormir cedo.


Bloco do pé inchado - Samba da Vela - Tia Dita


Ficamos lá durante, aproximadamente, duas horas. Horas em que esqueci dos problemas do mundo que tanto me pertuba, só tinha espaço aberto para os bons pensamentos, esqueci de dívidas... te todas elas, te todos os tipos... foi bom. O sono que insistia já tinha partido, não teve forças. Veio fulminantemente forte mais tarde. Não tivemos a oportunidade de ver a vela se apagar devido ao horário, mas valeu a pena.

Fui embora ao som de um samba que falava da importância de um compositor, das visões que ele tinha das coisas ao redor para escrever uma canção e ao mesmo tempo falava de amor; sobre as pequenas coisas da vida de um casal. Muito bonito, poético. Saimos cada um com seu sorriso, trocamos poucas palavras ("Interessante... até mais, meu velho, nos vemos no Sesc."). Coloquei meu fone nos ouvidos e durante alguns minutos não procurei uma rádio, fiquei tentando lembrar as letras. Não consegui, nunca consigo, mas o exercício foi positivo, imortalizei aquela experiência. Achei uma rádio. Como um contra-ponto subliminar escutei rock and roll (Rush, Iron, Nirvana, Pink Floyd etc. Na rádio KISS Fm) até chegar em casa; estava de volta ao mundo...

Recomendo. Conheça o samba da vela, vá para pelo menos escutar uma música. Mesmo que não goste de samba, visite-os. Se gosta... não perca tempo, você entenderá tudo quando sentar na cadeira preta, decodificará de sua própria maneira as mensagens que eles passam.

É lindo, religioso, sublime!

Valeu a pena!

Até a próxima...

Abaixo segue um pequeno filme que explica mais ou menos a história deles... Trage, pense e assista!


terça-feira, 10 de março de 2009

Sublimação

A mente, os pensamentos, é um imenso hospício.
Sem pudor... sem medo.

Aliás... parte da mente.

Logo após o ápice do pensamento livre, vem o soldado com sua arma de choque que nos extremesse as idéias e nos torna em um jogador (cordeirinho hipócrita) seguidor de regras.

Ficamos nesse furor de sentimentos e emoções, desejosos para jogá-los... Mas já não é possível, meu caro.

Sublime-o.

Adapte-o.

"A coisa mais bela do mundo é o segredo, o intocável, o interno, a privacidade, o só seu... guarde-o!"

Não!!! Mas se guardamo-os como julgá-los? Como interpretá-los? Como dividi-los?

Foda-se!

Sublime-o...

E porque queres sabê-los?

Pronto... cordeiro tomando choque de novo!

...escrevendo em um blog...

Nem a retórica mais eloqüente é capaz de traduzir o quão satisfatório isso pode ser.