segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Labirinto

De súbito tudo se tornou estranhou.
O ar mais espesso, respirar requer mais esforço.
O barulho do motor do ônibus parado e da música alta do passageiro ao seu lado se tornava ainda mais insuportável.
É preciso desembarcar, pensou.
Decidiu descer.
Com as portas quase se fechando conseguiu esgueirar-se e sair.
Desceu.
Na rua os ruídos das pessoas conversando, o cachorro latindo, dos automóveis... De tudo ao redor perfuravam a cabeça deixando-o enlouquecido.
Estava ofegante, o ar continuava cada vez mais pesado.
Não se sabe mais se anda ou corre.
Está perdido. Perdeu-se o controle.
A vontade é de correr, mas é preciso parar.
Vem a tontura. Parou.
A sensação de desespero tomou conta.
- Porque é assim? Porque acontece?
Sentou no ponto de ônibus, ficou durante alguns minutos olhando ao redor. Olhando com os olhos assustados, pensando em como estava tranqüilamente bem há alguns minutos e de repente todo esse medo, angústia, indefinição...
Uma sensação horrível.
O coração acelerado.
Tenta se acalmar, respirar com mais suavidade.
Consegue.
O medo como que de súbito veio, subitamente some.
Outro ônibus se aproxima.
Este também serve.
Dá o sinal e ele para.
Embarca e segue viagem.

9 comentários:

Mari?... disse...

Eita!! Meio síndrome do pânicaos da cidade... Se este "ser" perdido neste labirinto for vc, creio que vc precisa de um pouco de silêncio hein moço??...rs... gostei da atmosfera, senti o cheiro, ouvi os barulhos e vi a cor do cachorro! Gostei!

Anônimo disse...

Finalmente... Não demore tanto para nos dar o prazer de ler seus textos, meu amor...

É como te disse, cheguei a ficar com falta de ar, me vi perfeitamente parada no trânsito do Jd. São Luis às 7:00 da matina.

É incrível esse seu dom de descrever tão perfeitamente uma situação, que nos transporta a ela.

o Thiago acredita que você tenha se inspirado no Saramago, eu arrisco meu palpite no Dostoievisk (? eita nomezinho difícil de escrever,rs)...

Parabéns, adorei !!!

Dani

Jacqueline disse...

O medo, a insegurança... caminhos complexos... o sabor de uma doce canção... tudo se mistura quando estamos no meio da multidão e principalmente enquanto estamos vivos!!!

Adorei o texto!!!!

Beijos e me add depois... fiz um blog rsrsrsrs não tão culto como o seu, mas dá pra quebrar o galho hehehehe

Anônimo disse...

Nossa!!!

Não sabia que escrevia tão bem, nem tem "tá ligado" nos seus textos (brincadeirinha), gostei muito, li os outros textos também e vi que o seu dia dia no SESC serve como inspiração para vc, gostaria muito de ter o dom de transformar meu dia dia em algo tão interessante para os outros Parabéns.

Beijusss Sica

Annanda Galvão disse...

bom surpresa seu blog!

"este também serve.dá o sinal e ele para. embarca e segue viagem"

minha parte favorita!=)

bjbj!

Fe Spangel disse...

Oi Silvio, que bom que continua escrevendo, e como sempre, escrevendo bem, mas o intervalo tem sido muito longo entre os posts, muitas saudades. beijos

Anônimo disse...

Demorou !!!

Aguardo o próximo...

Bjin, Nê.

Jacqueline disse...

Ihhhhhh já demorou pra postar neh....

Anônimo disse...

Nossa, to com o coraçao acelerado.
Vi o onibus, e nele diversas pessoas envolvidas em "bolhas"... umas lendo um livro, outras ovindo musica, outras conversando, outras soh pensando... Mas sem a interferencia verdadeira de uma bolha em outra. Vidas distintas, problemas distintos... em multuo distanciamento entre os individuos mas a mesma sensaçao de que esta td bem, td normal.
Derrepente sua bolha estora e como em um universo paralelo consegue ouvir e sentir td ao mesmo tempo, a pessoa, a musica, a busina, o cachorro. E isso td misturado parece te invatir, te pressionar de uma forma masacrante e incontrolavel. Desce, respira. Com a cabeça atordoada, com aquela sensaçao estranha ainda no corpo, volta a construir gradativamente sua bolha de uma forma q volte a se proteger do mundo e entao, some no proximo.
Um rapido rompimento de barreiras e uma pressao sufocante o verdedeiro mundo nos causa qdo esse rompimento nao eh esperado e mascarado por uma possivel visao do mundo que ainda permanece entre o individuo e sua perspectiva de mundo.
Como se estivesse caido de supetao no mundo.
Estranho e sufocador. Acho q por isso se torna muito mais facil teorisar sobre o acontecimento do q vive-lo.
" A vontade é de correr, mas é preciso parar. "
:)