Com um ar triste e cansada, Verônica pergunta ao seu amigo Sávio:
- Afinal, o que é ser livre? Ter um trabalho e ter independência financeira para pagar as próprias contas é sinônimo de liberdade?
- Você e essas questões não cansam de dançarem juntas, não é mesmo?
- Não ter hora pra ir e voltar, não ter que pedir permissões, não se preocupar em arrumar a cama, lavar as louças, as roupas, ou varrer o chão pois pode-se resolver fazer quando quiser, como se fosse senhor do próprio tempo. Do que adianta tudo isso se ainda existe uma prisão nos pensamentos?
- Essa conquista, a liberdade dentro de cada um, é que pode ser a tal liberdade de que você tanto procura.
- Gostaria de gozar dela ao menos uma vez e tenho buscado isso com todas as minhas forças. Sinto progressos imensuráveis e sinto-me momentaneamente satisfeita por isso. Porém, quero muito mais, quero poder saber onde piso e porque piso. Quero aprender novamente, quero ter novas experiências da minha maneira e ao meu tempo.
- Essa procura não é só sua, sabia? Não fiques tão aflita. Além disso, acho que essa resposta é um dos sentidos de nossa existência. Muita gente pensa como você, outras acham que já a dominam - alguns até que podem ter alcançado - e tem também aqueles que apenas vivem, não se preocupam tanto com essa conquista. Em alguns casos, ela até vem por conta própria. Faça isso. Viva, Verônica. Esqueça um pouco, se prive menos.
Após alguns minutos pensando em silêncio, com a cabeça levemente abaixada e num tom sério, já se virando para sair, ela responde:
- Estou tentando Sávio.
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